Educação ateniense: uma formação voltada para o indivíduo

Entenda como era a educação praticada em Atenas, as suas principais características e a sua influência nos modelos educacionais dos dias de hoje.


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Quando pensamos em Grécia, a primeira coisa que nos vêm a mente é a filosofia. Mais do que os pensamentos de Platão e Sócrates, herdamos dos gregos também a política, a construção civil e tantos outros fatores presentes na civilização moderna. A educação ateniense, por outro lado, perdeu grande parte da sua essência ao longo dos séculos, diferenciando-se em diversos aspectos dos modelos praticados hoje em dia. Confira abaixo o porquê. 


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Como era a educação dos atenienses

A educação formal grega praticada em Atenas era direcionada somente aos homens a partir dos sete anos de idade e visava o desenvolvimento físico e intelectual do ser humano, baseando-se em três pilares: a ginástica, a música e a escrita. 


O primeiro pilar, a ginástica ou gymnastike, contemplava atividades físicas com o objetivo de promover a saúde das crianças. Já no aspecto intelectual - mousike - as aulas eram focadas na apreciação da música, da dança e da poesia. Para os gregos, o equilíbrio entre o corpo físico e a alma era o modelo ideal para formar as virtudes da temperança e da moderação nos jovens. 

                               

Ao longo da sua jornada educacional, que se estendia até a juventude, o menino era estimulado a exercer a liberdade de pensamento, através de discussões que envolviam o pensamento crítico e criativo, e a valorização da sabedoria dos mais velhos. Ao adquirir essa formação indispensável e atestar a sua capacidade oratória, ele poderia começar a participar ativamente das decisões políticas da pólis, ou seja, tornava-se cidadão.

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Paideia e o ideal da educação ateniense

Para os gregos, a educação é algo que acontece de dentro para fora, nesse sentido, ela visa trazer à tona aquilo que há de melhor no aluno tendo sempre a moralidade e a cidadania como guias para essa formação. Surge então a Paideia - o ideal da educação.


Não há uma tradução exata de Paideia nas línguas modernas, mas a palavra em si engloba diversos conceitos como civilização, cultura, tradição e literatura. A educação ateniense, baseada nesses pilares, era integral, ou seja, voltada para o desenvolvimento e a formação do ser humano em múltiplos aspectos, tornando-o capaz de impactar a sociedade positivamente.


O filósofo grego Plutarco foi um dos grandes defensores da Paideia ao longo de sua vida como mestre e historiador. Ele dizia que “educar não equivale ao ato de encher uma jarra, mas sim de acender uma chama.” Com essas palavras, Plutarco afirma que não cabe ao professor simplesmente transmitir a informação ao aluno, mas sim despertar o interesse interno que há em cada ser, para que ele mesmo construa seu caminho na busca pelo ideal do arquétipo humano.  


Como era a educação espartana e a educação ateniense?

Apesar de estarem situadas no mesmo país, Esparta e Atenas possuíam diversas diferenças políticas, econômicas e sociais. Nesse sentido, a educação espartana e ateniense também eram diferentes.


Em Esparta, a educação era utilizada para que o cidadão absorvesse os valores militaristas. Dessa forma, os jovens faziam um rigoroso treinamento físico para desenvolver a resistência e a força, características essenciais aos soldados nas batalhas militares e na defesa da pólis. Com isso, os espartanos aprendiam a escrever somente o necessário. 


Já a educação ateniense, por outro lado, buscava um equilíbrio entre mente e corpo. Ela era voltada ao humanismo e tinha como principal objetivo, formar seres críticos, reflexivos e conscientes do contexto em que viviam.


Pode-se dizer também que outra diferença entre elas é que a educação espartana era voltada para o modelo aristocrático, em outras palavras, o “governo dos melhores.” Já a educação praticada em Atenas, tinha como foco o exercício da democracia.  


Qual a influência da educação ateniense na educação contemporânea

A civilização grega teve uma importância essencial no mundo que conhecemos hoje. Foram o gregos que deram origem a tudo que conhecemos na vida moderna ocidental: a estrutura de sociedade, a política, a educação, a engenharia civil, a legislação, a arte e a filosofia. 


Entretanto, no âmbito educacional, nem tudo foi herdado. Antigamente, a educação em Atenas era voltada ao desenvolvimento do ser humano, dando-o as ferramentas necessárias para que ele saia de sua condição física e atinja a sua excelência moral. 


É claro que o modelo pedagógico, a ordem, a disciplina e as ciências como a matemática e a astronomia desenvolvidas naquela época influenciaram muito as tradições educativas do mundo contemporâneo, porém, no que se diz respeito a humanização e ao desenvolvimento pessoal do indivíduo, pouco restou.


Nos dias de hoje, a educação é voltada para o mercado de trabalho. Em outras palavras, o ensinamento acontece com o intuito de que a criança seja eficiente para o funcionamento da sociedade econômica, que ela seja produtiva. Desde cedo, o aluno é incentivado a estudar, tirar boas notas, ingressar em uma universidade renomada e conseguir um bom emprego, distanciando-o cada vez mais das virtudes propostas pela Paideia na educação ateniense.  


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